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Alemanha ergue barreiras nas fronteiras terrestres para frear imigração e provoca revolta em países vizinhos

Foto do escritor: Rafa fabrisRafa fabris

A decisão, alegada como questão de segurança nacional, reacende o debate sobre imigração e afeta o livre trânsito no Espaço Schengen.


A Alemanha decidiu, nesta segunda-feira, dar um passo que muitos consideram polêmico: reintroduzir controles nas suas fronteiras terrestres com países da União Europeia.


A medida, que parece saída de um filme distópico, visa limitar a imigração e proteger a segurança nacional, mas já está causando uma onda de indignação entre os vizinhos. Para alguns, é como se a Alemanha tivesse decidido "colocar uma muralha invisível" em pleno século 21.


Alemanha justifica controle nas fronteiras como medida de segurança



O governo alemão justificou a ação como uma resposta direta ao aumento de preocupações com a segurança interna e o controle da imigração irregular. Segundo o Ministério do Interior, o objetivo principal é conter o avanço de imigrantes ilegais, além de combater contrabandistas e prevenir ataques terroristas. “Queremos reduzir ainda mais a migração irregular, deter os contrabandistas e criminosos migrantes”, afirmou Nancy Faeser, ministra do Interior, no domingo.


A decisão afeta diretamente as fronteiras com França, Luxemburgo, Bélgica e Dinamarca, exigindo que viajantes apresentem documentos como passaporte e, em alguns casos, visto de entrada. Desde junho, medidas semelhantes já estavam em vigor nas divisas com Áustria, Suíça, República Tcheca e Polônia. Além dos postos formais de fronteira, patrulhas conjuntas e centros de cooperação aduaneira serão implantados para garantir que a medida seja eficaz.


A Alemanha, embora faça parte do Espaço Schengen, que permite a livre circulação de pessoas entre países da UE sem controles nas fronteiras, utilizou uma cláusula que permite a implementação temporária dessas medidas em situações de “grave ameaça” à segurança nacional. No entanto, essa ação é criticada por vários países europeus, que veem na decisão alemã um risco ao modelo de integração que o Schengen simboliza.


Vizinhos protestam e criticam impacto na livre circulação no Espaço Schengen


Os protestos não tardaram a chegar. Governos vizinhos alertam que a medida prejudica a cooperação entre os países e pode desencadear tensões políticas e econômicas. A Comissão Europeia lembrou que tais ações devem ser usadas apenas em “situações excepcionais”. E, embora os controles temporários nas fronteiras tenham sido aplicados 441 vezes desde 2006, a frequência crescente dessas medidas preocupa líderes europeus.


Historicamente conhecida por sua política de portas abertas, especialmente durante a crise migratória de 2015 e 2016, a Alemanha vem endurecendo sua postura. A pressão por políticas mais restritivas aumentou após eventos trágicos, como o ataque em Solingen no mês passado, onde um refugiado sírio matou três pessoas. Tais incidentes têm alimentado o discurso anti-imigração, principalmente promovido pela Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita que tem ganhado força nas urnas.


Recentemente, uma pesquisa revelou que 44% dos alemães apoiam medidas mais rígidas de controle da imigração, reflexo do crescente apoio à AfD, que venceu eleições estaduais na Turíngia e tem grande chance de sucesso em outros estados. Essa guinada política reforça o cenário de uma Alemanha cada vez mais preocupada em proteger suas fronteiras e limitar a entrada de estrangeiros.



Com essas novas medidas, a Alemanha se junta a outros países europeus que têm utilizado o controle de fronteiras como ferramenta para lidar com as complexas questões da imigração, mesmo que isso signifique enfrentar críticas internas e externas.



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