Movimentações dos membros do governo em direção aos seus estados de origem levantam questionamentos sobre uso de recursos públicos em pleno ano eleitoral.
Em ano eleitoral, não é novidade que parlamentares corram para suas bases eleitorais para garantir apoio e visibilidade. Mas, neste ano, as viagens de ministros do governo Lula a seus redutos eleitorais saltaram drasticamente, com um aumento de mais de 70%. Esse dado coloca em evidência o quanto o calendário político influencia nos deslocamentos oficiais e, claro, nos gastos públicos.
Aumento expressivo nas viagens de ministros em ano eleitoral
Os números não mentem: em 2023, os ministros realizaram 263 viagens para seus estados de origem, enquanto, em 2024, esse número subiu para 455, um aumento de 73%. Mas o que isso realmente significa? Significa que, em pleno ano eleitoral, a agenda oficial parece ter se moldado às necessidades eleitorais dos ministros, que se deslocam mais para seus redutos, onde sua presença pode ser decisiva para influenciar eleições locais.
O peso nos cofres públicos
O aumento das viagens também refletiu nos gastos. Segundo dados do painel de viagens do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, os recursos investidos nessas movimentações subiram de R$1,65 milhão em 2023 para R$2,35 milhões em 2024, um crescimento de 4%. É dinheiro público sendo utilizado em viagens que, em muitos casos, podem ter um caráter mais eleitoral do que realmente administrativo.
A linha tênue entre o oficial e o eleitoral
É claro que ministros têm a obrigação de estar presentes em suas bases para entender as demandas locais e garantir que o governo federal esteja alinhado com as necessidades do povo. No entanto, em ano eleitoral, esse tipo de movimento se torna ainda mais delicado. Quando o número de viagens e os gastos relacionados aumentam significativamente, é inevitável que surjam críticas sobre o uso desses recursos.
Seria ingenuidade pensar que as viagens de ministros nesse contexto são puramente administrativas. Há um forte componente político que, no mínimo, merece ser observado com atenção. Afinal, enquanto alguns estão em campo para fazer política, o dinheiro que banca essas viagens sai do bolso do contribuinte. E, em um país onde a fiscalização e a transparência são desafios constantes, é fundamental que a sociedade esteja atenta a esses movimentos.
As eleições são fundamentais para a democracia, mas é preciso garantir que o jogo seja justo e que os recursos públicos sejam utilizados de forma ética e responsável. Em um ano eleitoral, essa questão ganha ainda mais relevância.
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