Com 33,8 milhões de brasileiros ausentes nas urnas, a abstenção chega ao segundo maior índice, superada apenas pela eleição de 2020, no auge da pandemia.
Se a política já anda agitada, imagine quando milhões de eleitores simplesmente decidem não aparecer para votar! Foi exatamente isso que aconteceu neste domingo, com uma abstenção gigantesca, a segunda maior desde 1996. Quase 34 milhões de brasileiros preferiram ficar em casa ou, quem sabe, fazer algo mais divertido do que participar das eleições.
Abstenção recorde: um fenômeno que se repete na política nacional
Neste domingo (6), o Brasil registrou um dos maiores índices de abstenção desde o início das eleições municipais com urnas eletrônicas, lá em 1996. Foram 33,8 milhões de eleitores, o que representa 21,71% dos eleitores aptos, que não votaram no primeiro turno. O único ano que supera essa marca foi 2020, quando a pandemia do novo Coronavírus atingiu seu ápice e 34,2 milhões de pessoas deixaram de votar, com uma taxa de abstenção de 23,15%.
A evolução do fenômeno da abstenção ao longo dos anos é preocupante. Em 2016, foram 25,3 milhões de eleitores ausentes, representando 17,58%. Já em 2012, o número foi de 22,7 milhões (16,41%). Comparando ainda mais no tempo, em 2008, o Brasil registrou 18,7 milhões de abstenções (14,53%), e assim por diante, até chegar aos 18,3% de 1996, o marco inicial da era das urnas eletrônicas.
Por que a abstenção está tão alta? Especialistas apontam fatores políticos
Segundo o advogado eleitoral Fernando Neisser, diversos fatores explicam a crescente abstenção no Brasil. Ele destaca que a desilusão com a política tem sido um fator determinante, mas que esse não é um fenômeno isolado no país. "A alta taxa de abstenção não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas parte de um movimento global. Diversos países também têm enfrentado um cenário de desencanto com a política", afirma.
Neisser menciona que a radicalização do debate político tem afastado eleitores que se sentem desinteressados e desmotivados a participar. Em São Paulo, por exemplo, 27,34% dos eleitores deixaram de votar, o que representa 2,5 milhões de pessoas. “A polarização política tende a engajar apenas os mais fervorosos, enquanto os menos interessados preferem se distanciar”, explica.
E agora? Justiça Eleitoral e especialistas discutem soluções para a alta abstenção
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, também demonstrou preocupação com a crescente abstenção no país. Segundo ela, o índice é considerado alto para os padrões brasileiros e será estudado pela Justiça Eleitoral para entender as razões dessa ausência massiva dos eleitores.
Para Fernando Neisser, não existe uma solução rápida para reduzir a abstenção. Ele acredita que o eleitor precisa recuperar a confiança no sistema político, o que demanda tempo. "A abstenção é reflexo de anos de desilusão com a política, escândalos e promessas não cumpridas. Para que as pessoas voltem a participar, será necessário reconquistar essa confiança perdida", conclui.
Enquanto isso, a alta abstenção levanta um alerta sobre o futuro da política no Brasil, onde o desinteresse pelo processo eleitoral pode impactar diretamente a legitimidade dos representantes eleitos e o funcionamento da democracia
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